Certa vez,
eu estava entusiasmado, repleto de ideias, eufórico, ligado nos 220 volts,
querendo alcançar novas metas, novos sonhos, novas realidades.
Para isso,
eu precisava contar com o apoio de várias pessoas que trabalhavam comigo, mas a
maioria delas não tinham capacidade técnica para abraçar certas tarefas,
realizar novas façanhas. Então, como um líder antigo e com muitos conhecimentos
acumulados, eu cobrava proatividade das pessoas, tentava sempre tirá-las da
zona de conforto, repassei esses conhecimentos, investir muito em formações.
Enquanto
isso, eu realizava com todo o prazer do mundo todas as tarefas essenciais que a
equipe não conseguia fazer, porém, o tempo passava e eu continuava fazendo o
trabalho dos outros, mas eu não desanimava porque aquilo me dava prazer. Foi
então, que no começo de um novo ano, quando eu iria fazer as mesmas coisas dos
anos anteriores, mas com a mesma esperança de ver o crescimento e o desabrochar
da minha equipe, duas sabias mulheres me chamaram para uma conversa complicada.
Elas me
revelaram uma pessoa que havia dentro de mim, que eu nunca imaginaria que
pudesse existir. O acumulo de experiência e conhecimento também cega.
Elas não disseram
com essas palavras, mas deram a entender que todo aquele entusiasmo, que toda
aquela proatividade, que toda aquela cobrança me tornava uma pessoa
centralizadora, mas logo eu, que sempre me considerei a pessoa mais coletiva
daquele grupo, que sempre respeitei a opinião de todos, que sempre incentivei o
crescimento individual e coletivo? Me disseram ainda que eu precisava respeitar
o tempo das pessoas. Essas revelações nunca haviam me ocorrido.
Pois bem, o
baque foi grande, de certa forma eu entendia que elas tinham razão, quando num
grupo tão grande, eu assumia diversas tarefas que não eram minhas, mas eu
questionava, mas as coisas precisam andar, o tempo não para.
De certa
forma, eu me desanimei, mas não ao ponto de deixar de realizar minhas tarefas
com afinco, mas de respeitar o tempo das pessoas e deixar o barco navegar
conforme a remada do coletivo.
As pessoas
perceberam que algum brilho em mim havia desaparecido, e me perguntavam o que
havia acontecido, mas eu já estava convencido que aquele brilho extra era da
pessoa centralizadora que havia em mim, e eu nunca quis este brilho, só não
percebia que brilho era aquele.
O tempo
passou, o barco continua navegando, porém não existe mais um capitão, a ilha do
tesouro estava apenas a dois km, mas a bussola quebrou, a navegação está a
deriva.
Após algum
tempo, novamente reencontramos as duas sábias, elas percebendo que o barco já
não navegava pelas correntes corretas, trovejaram para todo o grupo. Se vocês
não remarem mais fortes, todos serão jogadas no mar para os tubarões.
Eita, quase
enlouqueci, dai perguntei, mas e o respeito ao tempo das pessoas?
Talvez essa
seja a grande questão. Quanto tempo esperar?
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