segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Tapa na cara...foi a policia!


Poderia ser apenas mais um dia comum...

Era finalzinho de tarde, a comunidade estava muito movimentada; eu e muitas crianças brincando de pega-pega, pessoas voltando do trabalho, nem sinal da malandragem...isso não é nada comum.
A brincadeira era policia e ladrão. Nessa época, todo mundo queria ser a policia, mas não era pra defender ninguém não, era pra taca-lhe porrada nos "vagabundos", digo, as crianças da brincadeira que representavam a malandragem.
Tensão à vista!
- Polícia!!!
Eita porra! Não era a polícia da brincadeira, eram os "homi" mesmo.
Lei da favela...
Ladrão ou não, ver polícia, sebo nas canelas. Mas falar é uma coisa, fazer é outra, mesmo sendo criança, ninguém corre quando os fardados te avista, melhor levantar a mão, encostar na parede e começar a rezar.
Mas naquele dia, os "pivetes" não eram os alvos, eles queriam a malandragem de verdade, porém na falta deles....
- Encosta! Polícia desgraça!
Era só Seu Manoel voltando do trabalho.
- Cadê a arma desgraça?! Cadê o bagulho?!
- Sou trabalhador senhor.
- Quem te perguntou isso desgraça?!
Um tapa na cara, uma vida humilhada e outra marcada.
O rosto não era meu, mas doeu, doeu.

Rodrigo Calabar

2 comentários:

  1. Texto lindo de Rodrigo Rocha Pita, criado na Oficina de Criação de Textos, com o oficineiro Jorge Baptista Carrano, no Calabar... no Projeto Boca de Brasa...

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